quarta-feira, 10 de junho de 2015

QUE SAUDADES DO MEU TEMPO DE CRIANÇA

Não vou dizer que sei, mas vou afirmar o que vi e senti um dia.
Era a minha infância quando os militares tomaram para si o poder de governar o País que se embebia na vodka do comunismo.
Quando comecei a entender de fato o que acontecia já estava na minha adolescência, mas aprendi lendo e lendo muito. Lia principalmente sobre a nossa organização, social e política, numa matéria que hoje em dia nenhum adolescente sabe o que ela trata e, até mesmo, alguns com mais idade e que até estudaram ela mas não deram muita importância e hoje, por não a terem estudado com afinco, são favoráveis ao que se vê e sabe em relação a tudo o que ocorre no Brasil.
Mas como sou um verdadeiro democrata, tentarei explicar muita coisa daquela época. Época em que tudo o que se fazia praticamente dava certo, ou chegava próximo.
Tínhamos uma outra matéria, Educação Moral e Cívica (EMC) que tinha como finalidade a disciplina e a prática educativa para fortalecer, ou ensinar, através da escola os instrumentos necessários à formação de uma consciência social para uma cidadania efetiva, isto é, instrumentalizar o indivíduo, para a possível e efetiva transformação e esse vir a ser um cidadão consciente, capaz de praticar essa cidadania efetivamente.
Desenvolver em cada indivíduo a sua capacidade de pensar nos problemas que o envolvem, como pessoa e como membro da sociedade, criando soluções para cada situação que lhe seja apresentada.
Os objetivos gerais a serem atingidos pelos estudantes eram:
 - Discriminar a Moral como uma característica essencialmente humana;
-  Identificar o Civismo, na sua mais ampla acepção, como um aspecto da Moral;
-  Compreender a Moral e o Civismo como um produto da vida social dos homens;
-  Sensibilizar-se para assumir, conscientemente, os aspectos morais e cívicos de seus comportamentos;
-  Dominar alguns conceitos básicos das Ciências Sociais, indispensáveis para a compreensão da Moral e do    Civismo;
-  Aplicar esses conceitos na análise dos aspectos “moral” e “cívico” dos diferentes comportamentos humanos;
-  Conhecer a divisão político-administrativa atual do Brasil e ser capaz de ler o mapa político do Brasil;
-  Conhecer os símbolos nacionais e saber se comportar em relação a eles.
Civismo, Estado brasileiro e Moral. Estes temas apresentam por sua vez subitens: cidadania, patriotismo, nacionalismo, o trabalho e o trabalhador, a formação do povo brasileiro, a realidade brasileira, a família e a religião.
Outra coisa importante era saber sobre os vultos nacionais.  O culto aos vultos nacionais era considerado essencial para a EMC, pois servia como exemplo de civismo para os alunos. Eram pessoas que viveram para o engrandecimento do Brasil, que exerceram suas funções do melhor modo possível ou que tiveram grande produção intelectual, cientifica, artística, etc. Os nomes que mais apareciam nos livros didáticos eram: Tiradentes, José Bonifácio de Andrada e Silva, Visconde de Mauá, Duque de Caxias, Carlos Chagas, Rui Barbosa, Santos Dumont, Ana Néri, Olavo Bilac, Oswaldo Cruz, Castro Alves, Princesa Isabel, Marechal Rondon, José de Anchieta, Villa-Lobos, Marechal Deodoro da Fonseca, D. Pedro I, D. Pedro II, Euclides da Cunha, Visconde do Rio Branco, Benjamim Constant, Floriano Peixoto e muitos outros.
Hoje, os pobres adolescentes que prestam concurso do ENEM não sabem nada, com raríssimas exceções, sobre o que foi ou o que são símbolos e  vultos nacionais. Se bobear nem sabem quantos Estados possui o País, muito menos o que simbolizam as estrelas no pavilhão nacional.
São os pobres da geração refrigerante, não vou nem citar da coca cola porque bebemos ela na nossa adolescência pois fazia parte do ritual do intervalo entre matérias, hora do recreio, ou pós aulas, e dos hambúrgueres. As conversas são todas na base das gírias e gírias essas totalmente desconexas de um entendimento do as sejam.
Essa volta toda só para falar sobre uma importantíssima matéria escolar que eles, hoje, nem sonham em tê-la no currículo escolar.
No mais o resto eram  brincadeiras e brincadeiras saudáveis, como “ chicotinho queimado “, “ carniça “, “ queimado “, “ pique ta ou pique esconde “, a tal da “ pêra, uva ou maçã “, bem como os jogos de bola.
Ah ! que saudades tenho dos meus dos meus tempos de criança, quando tudo era mais fácil. Andar de bicicleta com o vento batendo na cara, andando por ruas de barro batido. Quando chovia, corria-se na lama desse barro e dava  gosto chegar  em  casa sujo e nossa mãe brigar com a gente para tomar banho. Lá se vão uns anos da minha vida. Que bacana era ficar à noite conversando com os colegas no portão, bolando a próxima  traquinagem. Pendurar um pano de guarda chuva velho com uma linha, passado por cima do fio da luz da  rua e de repente soltá-lo quando passava alguém, só para dar um susto. Outra brincadeira era pegar um pano velho, encher de areia e fazê-lo ficar como uma cobra. Amarrar uma corda de nylon e puxar quando vinha alguém.  Soltar pipa, jogar bola de gude, brincar de cabra cega.
 É ! Tempo bom e  não sabíamos. Tempo em que ladrão só roubava na  mão grande ou  com  mãos  leves, mas sem armas. Tempo em que polícia era polícia  e  bandido era bandido.
Tempo em que, quem não trabalhava e ficava zanzando pela rua era preso por vadiagem, mas hoje é proibido ao menos parar um transeunte, mesmo que esteja sem fazer nada, pois é considerado abuso de autoridade ou compromete o direito de ir e vir do cidadão e, por causa disso, na próxima rua esse mesmo “ cidadão “ lhe assalta a mão armada ou como agora, que está na moda, com uma faca.
Depois falam mal da ditadura. Não sei que ditadura foi essa que só prendia, batia, arrebentava com quem desafiava o governo.
Sendo filho de italiano, nunca fui importunado e nem meu pai por ser estrangeiro.
Foi a época que o País mais cresceu e esse crescimento era para satisfazer o ego dos generais e nem por isso roubaram. As contas batiam certinho. Tinham aqueles que faziam uns desfalques, mas coisa pequena e que não alarmava e quando eram descobertos, a cana era certa e duríssima.
O FGTS (Fundo de Garantia Por tempo de Serviço) foi criado no Governo do Gen. Castelo Branco, mas precisamente em setembro de 1966, juntamente com o INPS (Instituto Nacional de Previdência Social);
Em março de 1967, decretou duas importantes leis que definiram os limites do novo regime: a Lei de Imprensa, que diminuía a liberdade de expressão, e a Lei de Segurança Nacional;
Castelo Branco implementou o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG), com o objetivo de conter a inflação, retomar o crescimento econômico e normalizar o crédito. Em 1964, criou o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central;
e criou o fundo de garantia e o Banco Nacional de Habitação, incumbido de investir na construção de casas populares os recursos oriundos das contribuições de empregados e empregadores;
No Governo Costa e Silva, também militar, foi criada a FUNAI, que era o Fundo Nacional do Índio, hoje Fundação Nacional do Índio;
Foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral);
Na área econômica, o período foi de crescimento, conciliando expansão industrial, facilidade de crédito, política salarial contencionista e controle da inflação em torno de 23% ao ano. Foram criadas ainda a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e a Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM).
Acho que já está de bom tamanho as explicações. Agora fica a critério dos poucos generais, brigadeiros e almirantes, redirecionarem nosso País aos eixos de centralização e colocar o trem nos trilhos certos, com a cabeça do golpe de 1964 com as modificações democratas e sem revanchismos.