Não vou dizer que sei, mas vou
afirmar o que vi e senti um dia.
Era a minha infância quando os
militares tomaram para si o poder de governar o País que se embebia na vodka do
comunismo.
Quando comecei a entender de fato
o que acontecia já estava na minha adolescência, mas aprendi lendo e lendo
muito. Lia principalmente sobre a nossa organização, social e política, numa
matéria que hoje em dia nenhum adolescente sabe o que ela trata e, até mesmo,
alguns com mais idade e que até estudaram ela mas não deram muita importância e
hoje, por não a terem estudado com afinco, são favoráveis ao que se vê e sabe
em relação a tudo o que ocorre no Brasil.
Mas como sou um verdadeiro
democrata, tentarei explicar muita coisa daquela época. Época em que tudo o que
se fazia praticamente dava certo, ou chegava próximo.
Tínhamos uma outra matéria,
Educação Moral e Cívica (EMC) que tinha como finalidade a disciplina e a
prática educativa para fortalecer, ou ensinar, através da escola os
instrumentos necessários à formação de uma consciência social para uma
cidadania efetiva, isto é, instrumentalizar o indivíduo, para a possível e
efetiva transformação e esse vir a ser um cidadão consciente, capaz de praticar
essa cidadania efetivamente.
Desenvolver em cada indivíduo a
sua capacidade de pensar nos problemas que o envolvem, como pessoa e como
membro da sociedade, criando soluções para cada situação que lhe seja apresentada.
Os objetivos gerais a serem
atingidos pelos estudantes eram:
- Discriminar a Moral como uma característica
essencialmente humana;
- Identificar o Civismo, na sua mais ampla
acepção, como um aspecto da Moral;
- Compreender a Moral e o Civismo como um
produto da vida social dos homens;
- Sensibilizar-se para assumir, conscientemente,
os aspectos morais e cívicos de seus comportamentos;
- Dominar alguns conceitos básicos das Ciências
Sociais, indispensáveis para a compreensão da Moral e do Civismo;
- Aplicar esses conceitos na análise dos
aspectos “moral” e “cívico” dos diferentes comportamentos humanos;
- Conhecer a divisão político-administrativa
atual do Brasil e ser capaz de ler o mapa político do Brasil;
- Conhecer os símbolos nacionais e saber se
comportar em relação a eles.
Civismo, Estado brasileiro e
Moral. Estes temas apresentam por sua vez subitens: cidadania, patriotismo,
nacionalismo, o trabalho e o trabalhador, a formação do povo brasileiro, a
realidade brasileira, a família e a religião.
Outra coisa importante era saber
sobre os vultos nacionais. O culto aos
vultos nacionais era considerado essencial para a EMC, pois servia como exemplo
de civismo para os alunos. Eram pessoas que viveram para o engrandecimento do
Brasil, que exerceram suas funções do melhor modo possível ou que tiveram
grande produção intelectual, cientifica, artística, etc. Os nomes que mais
apareciam nos livros didáticos eram: Tiradentes, José Bonifácio de Andrada e
Silva, Visconde de Mauá, Duque de Caxias, Carlos Chagas, Rui Barbosa, Santos
Dumont, Ana Néri, Olavo Bilac, Oswaldo Cruz, Castro Alves, Princesa Isabel,
Marechal Rondon, José de Anchieta, Villa-Lobos, Marechal Deodoro da Fonseca, D.
Pedro I, D. Pedro II, Euclides da Cunha, Visconde do Rio Branco, Benjamim
Constant, Floriano Peixoto e muitos outros.
Hoje, os pobres adolescentes que
prestam concurso do ENEM não sabem nada, com raríssimas exceções, sobre o que
foi ou o que são símbolos e vultos
nacionais. Se bobear nem sabem quantos Estados possui o País, muito menos o que
simbolizam as estrelas no pavilhão nacional.
São os pobres da geração
refrigerante, não vou nem citar da coca cola porque bebemos ela na nossa
adolescência pois fazia parte do ritual do intervalo entre matérias, hora do
recreio, ou pós aulas, e dos hambúrgueres. As conversas são todas na base das
gírias e gírias essas totalmente desconexas de um entendimento do as sejam.
Essa volta toda só para falar
sobre uma importantíssima matéria escolar que eles, hoje, nem sonham em tê-la
no currículo escolar.
No mais o resto eram brincadeiras e brincadeiras saudáveis, como “
chicotinho queimado “, “ carniça “, “ queimado “, “ pique ta ou pique esconde
“, a tal da “ pêra, uva ou maçã “, bem como os jogos de bola.
Ah !
que saudades tenho dos meus dos meus tempos de criança, quando tudo era mais
fácil. Andar de bicicleta com o vento batendo na cara, andando por ruas de
barro batido. Quando chovia, corria-se na lama desse barro e dava gosto chegar
em casa sujo e nossa mãe brigar
com a gente para tomar banho. Lá se vão uns anos da minha vida. Que bacana era
ficar à noite conversando com os colegas no portão, bolando a próxima traquinagem. Pendurar um pano de guarda chuva
velho com uma linha, passado por cima do fio da luz da rua e de repente soltá-lo quando passava
alguém, só para dar um susto. Outra brincadeira era pegar um pano velho, encher
de areia e fazê-lo ficar como uma cobra. Amarrar uma corda de nylon e puxar
quando vinha alguém. Soltar pipa, jogar
bola de gude, brincar de cabra cega.
É ! Tempo bom e não sabíamos. Tempo em que ladrão só roubava
na mão grande ou com
mãos leves, mas sem armas. Tempo
em que polícia era polícia e bandido era bandido.
Tempo
em que, quem não trabalhava e ficava zanzando pela rua era preso por vadiagem,
mas hoje é proibido ao menos parar um transeunte, mesmo que esteja sem fazer
nada, pois é considerado abuso de autoridade ou compromete o direito de ir e
vir do cidadão e, por causa disso, na próxima rua esse mesmo “ cidadão “ lhe
assalta a mão armada ou como agora, que está na moda, com uma faca.
Depois
falam mal da ditadura. Não sei que ditadura foi essa que só prendia, batia,
arrebentava com quem desafiava o governo.
Sendo
filho de italiano, nunca fui importunado e nem meu pai por ser estrangeiro.
Foi a
época que o País mais cresceu e esse crescimento era para satisfazer o ego dos
generais e nem por isso roubaram. As contas batiam certinho. Tinham aqueles que
faziam uns desfalques, mas coisa pequena e que não alarmava e quando eram
descobertos, a cana era certa e duríssima.
O FGTS (Fundo de Garantia Por
tempo de Serviço) foi criado no Governo do Gen. Castelo Branco, mas precisamente
em setembro de 1966, juntamente com o INPS (Instituto Nacional de Previdência
Social);
Em março de 1967, decretou duas
importantes leis que definiram os limites do novo regime: a Lei de Imprensa,
que diminuía a liberdade de expressão, e a Lei de Segurança Nacional;
Castelo Branco implementou o
Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG), com o objetivo de conter a inflação,
retomar o crescimento econômico e normalizar o crédito. Em 1964, criou o
Conselho Monetário Nacional e o Banco Central;
e criou o fundo de garantia e o
Banco Nacional de Habitação, incumbido de investir na construção de casas
populares os recursos oriundos das contribuições de empregados e empregadores;
No Governo Costa e Silva, também
militar, foi criada a FUNAI, que era o Fundo Nacional do Índio, hoje Fundação
Nacional do Índio;
Foi criado o Movimento Brasileiro
de Alfabetização (Mobral);
Na área econômica, o período foi
de crescimento, conciliando expansão industrial, facilidade de crédito,
política salarial contencionista e controle da inflação em torno de 23% ao ano.
Foram criadas ainda a Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e a Companhia
de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM).
Acho que já está de bom tamanho
as explicações. Agora fica a critério dos poucos generais, brigadeiros e
almirantes, redirecionarem nosso País aos eixos de centralização e colocar o
trem nos trilhos certos, com a cabeça do golpe de 1964 com as modificações
democratas e sem revanchismos.