Que saudades tenho, dos meus tempos antigos.
Que saudades tenho, dos tempos em que jogava bola sendo feita de retalhos de pano e envolta com uma meia. A chamada bola de meia.
Que saudade tenho, de soltar pipa ou papagaio, com uma linha cheia de "cerol", que nós fazíamos derretendo cola de madeira ao sol e depois misturando com vidro moído que nós mesmos moíamos, quebrando vidros de garrafas dentro de uma lata de leite em pó ou de outra coisa, na base da marretada, para depois então misturarmos aquela cola derretida e então passarmos nas nossas linhas. As conhecidas "linha 10".
No tempo em que não se matava nenhum motociclista, mas que de vez em quando tomavamos um choque violento provocado por cortar a capa do fio da rede elétrica, mas nunca ninguém veio a morrer por causa disso.
Que saudades tenho, da tal famosa época da chamada "ditadura", que nada mais era a época em que os militares governavam o País e nós podíamos transitar nas ruas do Rio de Janeiro, às horas tardes da noite, sem a preocupação de sermos assaltados ou até mesmo levarmos um tiro da tal bala perdida.
Que saudades tenho dessas épocas, as quais ainda são bastante recentes em minha memória. Ainda me considero, mesmo estando com 66 anos, uma criança, um jovem com mais tempo de vida nessa terra.
Por essas e outras é que afirmo ter saudade do tempo de outrora e ainda mais em saber que hoje, em relação a nossa justiça, estamos totalmente ao avesso do que seria a própria justiça.
Os valores dessa justiça atual, foram totalmente abalados por causa de um homem só, o qual todos sabem quem o seja. Sinto que a nossa justiça se perdeu no âmbito da própria justiça destruindo seus próprios valores ético morais.
Que saudades tenho, daqueles tempos áureos.