Podem
me chamar de saudosista, não nego e ainda afirmo que o saudosismo é a fonte das
lembranças de quem as teve para hoje poder contar.
Hoje
observei que estava pensando nos meus tempos de juventude.
E
lá se foi a década de 70, talvez a melhor década de todos os tempos, pois éramos
felizes e não sabíamos.
Recordei
essa época ouvindo músicas que ficam marcadas em nossas cabeças e que dela
nunca saem, como também não perdem a sua essência e sabor em ouvi-las.
Chegou
a década de 80 e começaram as mudanças, mas as nossas músicas lá estavam e
permaneciam fortes como antes.
Lembrar
músicas da Jovem Guarda, também é muito bom, mas as músicas que embalaram
nossos bailes ou festinhas e até depois nas discotecas, não existe coisas a
comparar.
A
princípio falei que escutávamos, mas na verdade ouvíamos essas músicas, pois é
muito diferente o escutar e ouvir. Costumo dizer que escutar é deixar entrar o
assunto pelas nossas orelhas e chegar até o ouvido, enquanto que ouvir é
escutar, com atenção, a mesma coisa só que esse escutar chega até ao cérebro ou
ao coração.
Quando
chega no coração é aquela hora que sentimos saudades; Que sentimos o amor.
Aquele que faz a barriga tremer de medo e satisfação ao mesmo tempo; Que faz o
coração bater mais acelerado e quando esse ouvir passa do coração e chega ao
cérebro, completa todo o ciclo da felicidade e tudo fica gravado e arquivado
como se fosse num computador.
Nada
que ficou arquivado dessa forma, nunca será apagado e não precisa nem de back
up, pois a memória sempre será forte.
Essa
explosão musical, na minha opinião começou com uma música advinda do final da
década de 60.
Era
uma música de Terry Winter, um cantor de nacionalidade brasileira mas que cantava
em inglês, pois era a moda na época. Essa música chamava-se “ Summer Holiday ”, que é “ Férias de Verão ”.
E
tudo começou num verão ! Ela dizia assim:
“
Em um dia de verão que te conheci !
Em
um dos poucos dias de verão.
Toda
minha vida quando eu estava na minha solidão, me perguntava:
Se
você era tola como eu,
Pois
quando nos encontramos só, eu
Digo
que quero você só pra mim.
Você
foi feita só pra mim.
Ao
lado do rio, através de uma árvore frondosa,
Você
simplesmente riu e eu chorei, mas me ame.
Agora
em minha vida, eu nunca estarei sozinho.
A
vida tem sido tão boa para mim,
Pois
quando nos encontramos só
Digo
que quero você só pra mim.
Você
foi feita só pra mim. ”
A
tradução pode não estar muito correta, mas era isso ai mesmo.
Tudo
começou com essa música e depois vieram várias.
Veio
uma música de um conjunto, The Shadows, que se chamava Apache e no fundo havia um relincho de cavalo.
Essa música era tipo de filme de cowboy, mas era melancólica e gostosa de
ouvir.
Quem
pode esquecer uma “ Gonna make you an offer you can’t refuse, do fantástico
Jimmy Helms, em 1974.
Essa
música quando tocava nos bailes o pessoal parece que entrava em êxtase e então
era a hora do “ mela cueca “, como se dizia na época.
E
assim vejo nas minhas lembranças a vida que se passou e junto com ela o tempo
me castigou.
Hoje,
só lembranças de um tempo que passou, mas que fica na lembrança.
A
idade foi avançando,a velhice chegando e não percebemos que ficamos velhos ! Quando
de repente se para a olhar os nossos rostos no espelho é que vemos o que é
a velhice.
Quando
ouvimos as nossas músicas e lembramos de nossas namoradinhas, dos nossos
bailinhos, das festinhas e das discotecas, vemos que a vida nos castigou, mas
castigou da melhor forma possível, pois podemos dizer hoje, que vivemos a
melhor década de toda a nossa vida e quiçá da vida como um todo.
Podiamos
sair sem preocupação; Saiamos sem ter dinheiro e faziamos o que queriamos em
matéria de diversão, mas quando tinhamos um dinheirinho extra, era felicidade
total, pois podiamos ser “gastosos” com as meninas.
Quem
não pagou uma coca cola ou outro refrigerante para uma garota nessa época, com
o intuito de paquera ?
Mas
todo o nosso frisson teve fim quando chegou a década de 80.
As
músicas começaram a se transformar e ganhamos um Michael Jackson que ainda deu
para ajudar nosso rock, mas acabou se misturando e virou pop rock, até chegar
no funck, que é totalmente avesso ao Soul da época de James Brown.
Nossas
lembranças então acabaram ficando presas na década de 70 e hoje, 46 anos depois
podemos dizer que somos sobreviventes; Que somos jurássicos; Que pertencemos a
outra época, outra vida.
Podemos
dizer que vivemos uma vida boa de se viver e que hoje só nos resta na
lembrança, da saudade.
E
a vida com o tempo se foi e hoje só lembranças do que foi uma vida boa de se
viver !